segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Amor e Outras Mentiras


O tempo vê as coisas que os olhos esqueceram.

Aqui
Só a certeza das coisas que faliram
a palavra pela metade
a impressão de saudade
E tudo aquilo que cicatrizou.

Vem de dentro a esperança triste
de tentar mudar o rumo
de fazer valer a história
mas não demora
e a chama que ascende a noite
ilumina os nossos corpos sózinhos.

Aqui
Nesse mundo que se repreende
de bocas mudas
de idéias surdas
os sentimentos se perdem
todo verso se vira
E as cabeças vazias contagiam o querer-se bem.

Hoje confesso que sempre jurei em falso
Sempre com desejos de partida
E nunca entendi outras vidas

Apenas falei
Apenas criei
Algo sobre nós

Sobre o amor e outras mentiras.

Projetor

Acredite,

as que passaram em minha vida
foram como paredes frias

servindo como molduras
para projetar as transparências

dos nossos intensos dias.

Idéias De Sábado

Vou te buscar pra sair,vamos beber um pouco
Esquecer esse mundo louco e nos entregar ao desconhecido.

Vou te buscar pra sair pra gente conversar de tudo
Que eu já entendi que absurdo é não ser seu grande amigo.

Vamos ficar bâbados e causar!
Somos mesmo a razão desse plano que engana.
Depois a gente volta,esquece a porta
E dorme na grama.

Uma Conselheira Pras Horas De Frio

Tenho te ouvido muito.
Tenho sentido no peito atordoado a impressão de ter achado
Um caminho mais calmo.
Hoje,como me pediu,joguei fora a minha aliança
e guardei comigo o intenso e o verdadeiro.

Não posso te esconder que valeu a pena.

Ontem quando te procurei fiquei feliz ao ouvir a tua voz
Com você,
aprendi meio que sem querer
Que melhor que estar apaixonado é ter alguém do lado
Que te faça crer no impossível.

Você me mostrou a paz e eu te ensinei o invisível.

Tenho te ouvido muito.

Novo E Sereno

Há algo de desconhecido em mim,um desejo novo de gritar

vontade de romper com o tempo
caminhar junto com o vento

e viajar.

Há algo que me atrai em você

Talvez a tua roupa
Talvez a voz rouca

talvez a idéia de que podemos ser felizes juntos.


Há algo de muito doido por aqui
Que faz os passos ficarem apressados e o coração acelerado.

Há algo hoje que levita entre o chão e o infinito
Algo de mais bonito

Algo acontecendo entre nós.

Limpeza Nos Porões Da Minha Alma

Assimilar os pés no chão com a vontade de chegar
Ter metas bobas
Olhar pra frente

Me ver e entender

O que passou não volta mais.

Sobre a Minha Rendição

Vai tomando conta de mim aquele cheiro bom
e a sua rouca vai dando o tom
Afinando as noites caminheiras.

E me devora
Me afasta das horas
Me leva ao seu lugar
Onde eu vá te amar

Onde tudo é terno e lilás.

Me leva pra casa e beija escondida
como se ninguém soubesse que a gente se faz tão bem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Cerrado , A Secura E Eu

Não me lembro de ter esperado tanto a chuva chegar
como em setembro de dois mil e sete.
Brasília seca.
O concreto vibrava e o asfalto saltava aos olhos.
Hoje não.
Há algo mais seco neste mês de setembro.
Não sei bem o que é.
Talvez seja eu.
Talvez.

É tempo de estiagem em mim.
Acabou a chuva forte que caia do nimbo dos meus olhares.

Hoje essa secura me faz bem.
De repente isso tudo deu ânimo aos meus calcanhares.

Sou assim como o cerrado,que brota depois das primeiras águas
E soergue sobre as cinzas,
Cailandras na beira da estrada.
Sou torto também
e assumo que meu jeito retorcido incomoda.
Mas sobretudo me criei acreditando na ressureição da coisas belas

E foi assim que revivi depois de tantas securas.

Balança Torta

Te conheci num vale verde.Grama por todo lado.
Estávamos sob um pessegueiro.
Decidimos nos apaixonar e você sabe que se apaixonar
[merece aventuras]
e não há como negar,foi escolha nossa correr mundo.
Caminhamos,caminhamos,caminhamos.
Existia um rio e a gente até tentou atravessar.
Era perigoso.
A correnteza muito forte.
Sem querer soltei sua mão e você não me perdoou.
Triste não haver perdão.

E você me deixou ir para o outro lado sózinho.
Eu fui.Não há mais como voltar.

Término

Desculpa,
não dá mais para continuarmos juntos.

Não existe amor na sua bunda.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um Pedaço Pra Cada Lado

eu daqui
você daí

vendo os mesmos sites
cultivando o mesmo ócio
e a mesma tristeza sorridente dos orgulhosos

você daí
eu daqui

lendo as mesmas revistas
pensando nas mesmas frases
pra ferir o outro elegantemente pelo orkut

eu daqui
você daí

nos lembrando em silêncio
cada um da sua forma fria
e o querer inútil de não se querer

Estamos parecendo dois bobos.

O Dia

Quando cantam os passarinhos bem pertinho da nossa janela
acordando a vida
despertando os sonhos
o amor nos dá bom dia e novo tempo se revela.

Quando o cheiro do feijão me leva até você na cozinha
mexendo as panelas
temperando o cotidiano
o almoço vira parque e nós,duas crianças brincando sózinhas.

Quando a chegada de um homem se resume em fadiga
você me beija a boca
e tirando minha roupa
me joga na cama e se derrama pra descançar o peso da vida.

Revelação

Sei que parece estranho mas é mesmo sem querer

Que os amores acontecem
Que do nada a gente se conhece
e passa a se entender.

Queria que você soubesse que talvez seja mesmo assim

Quando tudo conspira a favor
E de repente aparece o amor
Curando feridas que haviam em mim.

Foi ótimo te conhecer.

Aquela conversa num bar,um amigo fazendo a ponte

Uma cerveja bem gelada
História de coisas passadas
A idéia de um novo horizonte

Me fez bem aquela festa quando fiz o que muito queria

Aquele beijo roubado
Meu coração acelerado
Você é tudo que sonhei um dia

Definitivamente,
foi ótimo te conhecer.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Do Nada

Vontade quase insana
de passar os dias,
as madrugadas frias
e chegar logo o final de semana
Ver vocês sorrirem,
pra gente cantar alto,
tomar aquela cerveja,
deixar nossos passos no asfalto.

É que seus nomes me fazem bem
Me trazem paz e alegria
Amizade assim do nada
Gente com muita sintonia.

Gente que brinca,que dança
Gente que não perde a pose

Grandes amigas por acaso
e agora eternas,
Rívia e Rose.

A Casa Que Mora Em Mim

Derrubaram as paredes
não a casa
não os sonhos
não o quintal
não as lembranças
Botaram quase tudo a baixo
quase tudo.

Derrubaram as paredes
não há a mais a dama da noite
mas perto dela ainda está o vô
dando pão pr'os passarinhos
e os netos ali pertinho
escutando o assovio
na varanda ainda de pé.

Derrubaram as paredes
mas tudo ainda está ali
as bicicletas pelo corredor
a vó na cozinha
o cheiro da infância
e muito amor.

Derrubaram as paredes
não as coisas que o Caio escrevia nelas
não a chegada da Camila nos fins de semana
não a memória
não as brincadeiras no quintal
não a união.

Derrubaram as paredes
mas a inocência ainda mora ali
a esperança ainda vive por debaixo dos cacos.


Derrubaram as paredes
mas não derrubaram nada.

Em nós ainda está tudo de pé.