Derrubaram as paredes
não a casa
não os sonhos
não o quintal
não as lembranças
Botaram quase tudo a baixo
quase tudo.
Derrubaram as paredes
não há a mais a dama da noite
mas perto dela ainda está o vô
dando pão pr'os passarinhos
e os netos ali pertinho
escutando o assovio
na varanda ainda de pé.
Derrubaram as paredes
mas tudo ainda está ali
as bicicletas pelo corredor
a vó na cozinha
o cheiro da infância
e muito amor.
Derrubaram as paredes
não as coisas que o Caio escrevia nelas
não a chegada da Camila nos fins de semana
não a memória
não as brincadeiras no quintal
não a união.
Derrubaram as paredes
mas a inocência ainda mora ali
a esperança ainda vive por debaixo dos cacos.
Derrubaram as paredes
mas não derrubaram nada.
Em nós ainda está tudo de pé.
Senti o cheiro da dama da noite. E chorava .
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